"A número um" expõe os obstáculos enfrentados pelas mulheres para atingir o sucesso profissional


Mesmo com todos os adventos relacionados à conquista da mulher no âmbito profissional, ainda há certos espaços em que a presença feminina é mínima, como em cargos políticos ou de lideranças de grandes conglomerados industriais. É justamente sobre o segundo caso, que o filme francês "A número um" (2017) - que estreia hoje nas salas de cinema do país -, da diretora Tonie Marshall (Muito perto do paraíso; Sexo, amor e terapia) busca retratar através da jornada da executiva Emmanuelle Blachey (Emmanuelle Devos).

Como uma forma de homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, o longa expõe os obstáculos ainda presentes na questão da inclusão de mulheres em cargos de chefia. A heroína da jornada empresarial Emmanuelle Blachey com um curriculum admirável como diretora de uma companhia de energia, recebe seu chamada de aventura quando um grupo feminista contacta-a para ajudá-la a ser eleita presidente de uma enorme empresa de distribuição de água na França, a Anthéa.

A objeção de sua candidatura à presidência parte não só no âmbito profissional como também no pessoal. Na cena em que conversa frente à frente com seu oponente em um evento de gala e, este a ofende com comentários machistas, ou quando o marido diz a ela que é frágil demais para assumir uma posição de chefia, são exemplos de opressão à consolidação da participação feminina no espaço público. São vários os embates conflituosos aos quais essa executiva é sujeita, todavia, a demonstração de sororidade - união e aliança de mulheres para alcançar um objetivo comum - faz com que ela persista com seu propósito.

A atriz Emmanuelle Devos indicada ao César de Melhor Atriz, transparece de um modo elegante e vívido os desafios presentes na personagem em se impor perante um ambiente profissional de predominância masculina e, também na convivência familiar. Ao mesmo tempo que aparenta a tal fragilidade comentada pelo marido, Emmanuelle Blachey, consegue ser pragmática, resistente e inteligente. Vale a pena observar a mudança de figurino que ocorre com a personagem, praticamente no filme todo veste um terninho escuro, depois, vê-se com um vestido vermelho.

A diretora para escrever o roteiro, entrevistou diversas mulheres que atuaram em cargos de CEOs na França e, obteve o testemunho de vários casos de assédios sofridos por elas no meio profissional. Esse cenário de desrespeito à figura feminina por meio de agressões físicas ou verbais no convívio social, tem sido exposto diariamente nos meios de comunicação através de denúncias de inúmeros casos ao redor do mundo. Essas declarações possibilitou o surgimento de movimentos tais como #Metoo ou Time's Up, organizações que apareceram para dar voz e apoio as pessoas que foram submetidas à algum tipo de assédio, não só em Hollywood, mas em todas as esferas sociais.

No filme "A número um", esta e outras questões relacionadas à mulher contemporânea são debatidas com efervescência e embasamento sociológico feminista, permitindo reflexões maduras sobre a ambição, a condição da mulher no meio de trabalho e as reivindicações referentes à reconhecimento e afirmação das diferentes identidades. Não deixem de conferir!
CineBliss



Ficha técnica: 

A número um (Numero une)
França, 2017
Direção: Tonie Marshall
Roteiro: Tonie Marshall, Marion Doussot, Raphaelle Bacque
Produção: Veronique Zerdoun, Tonie Marshall
Fotografia: Julien Roux
Montagem: Marie-Pierre Frappier
Elenco: Emmanuelle Devos, Suzanne Clément, Richard Berry, Benjamin Biolay

Comentários

  1. Terei que ser repetitivo: terceira crítica lida no blog. Terceiro filme que fiquei louco para assistir.

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