Com uma imaginação sem limite "Poesia sem fim" desperta o lado criativo da alma


Entrar no escurinho do cinema para conferir o novo filme do diretor chileno Alejandro Jodorowsky, "Poesia sem fim" (2016), tem-se a necessidade de abrir o coração, desprender-se de qualquer tipo de amarra racional e, simplesmente, permitir-se ser guiado na jornada onírica do jovem futuro poeta Alejandro (Adan Jodorowsky). A narrativa é baseado na vida do próprio diretor que utiliza da fantasia, do exagero e teatral, para recriar suas memórias.

Ambientando em Santiago do Chile, no período de 1940, Alejandro contraria as expectativas dos pais em ser um médico para seguir o sonho de tornar-se um poeta. Com uma das cenas mais divertidas e simbólicas, Alejandro corta laços com os familiares, golpeando com um machado a árvore da casa da avó, dizendo "família de merda". Esse evento é apenas a "entrada", para as outras tantas situações escrachadas vivenciadas pelo jovem. Em cada uma destas cenas, observa-se o trabalho primoroso de toda equipe para apresentar um vislumbre visual e poético. 

Alejandro junta-se a outros artistas para cultivar seu dom. Saí em busca de sua musa inspiradora no Café Iris, local com uma decoração singular, cercado de pessoas em estado de sonolência. Ali, depara-se com a extravagante poeta Stella Diaz (Pamela Flores), uma mulher repleta de peculiaridades com quem desenvolve um caso amoroso. Tem a oportunidade de conhecer o famoso poeta Nicanor Parra e tornar-se amigo de Enrique Lihn.

Com um colorido de encher os olhos de vida, a fotografia transporta o espectador para um universo onde não há fronteiras, apenas a fluidez da imaginação. Concomitantemente, o cenário alegórico proporciona ainda mais energia para esse mergulho poético, ao lado de personagens um tanto quanto circenses. Todo esse invólucro relembra algumas obras do italiano Federico Fellini. 

Vale destacar a presença do diretor como ele mesmo em alguns momentos da narrativa, sendo a consciência do jovem Alejandro com conselhos sobre a jornada da vida. "Poesia sem fim", é o segundo filme do montante de cinco estipulados por Alejandro Jodorowsky para transportar ao cinema suas memórias. O primeiro deles foi "A dança da realidade", de 2013. Sem sombra de dúvida, fica a expectativa do que a imaginação desse poeta, sonhador e cineasta, pode presentear o público nos próximos três filmes. 
CineBlissEK





Ficha técnica: 

Poesia sem fim (Poesía sin fin)
Chile/França, 2016
Direção: Alejandro Jodorowsky 
Roteiro: Alejandro Jodorowsky 
Produção: Alejandro Jodorowsky 
Fotografia: Christopher Doyle
Elenco: Adan Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, Carolyn Carlson, Pamela Flores, Leandro Taub,

Comentários

  1. Nossa parece bem doido e legal, gostei da critica, muito bom, valeu!!!!

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  2. Obrigada Marcelo! Eu adorei o filme, repleto de criatividade.

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